Já há algum tempo que não escrevo aqui. Não por falta de ideias, nunca por falta de vontade — apenas e só falta de tempo. E não, não sou viciada no trabalho; pelo contrário, cada vez dou mais prioridade ao equilíbrio. É só um daqueles alinhamentos cósmicos em que parece que toda a gente se lembra, exatamente no mesmo dia, que o ano está a acabar.
Projetos para fechar, objetivos para cumprir, formação para preparar… enfim, a vida a acontecer na normalidade, mas em “fast forward”. De repente, tudo é urgente, tudo é “para ontem”.
Às vezes pergunto-me se é impressão minha ou se o tempo anda mesmo a acelerar. Piscamos os olhos e já estamos a comprar agenda para o ano seguinte. Talvez seja a vida adulta, talvez seja a quantidade absurda de estímulos que temos todos os dias, talvez seja só física quântica a brincar connosco.
Vivemos numa era em que tudo é imediato: mensagens que chegam em segundos, reuniões no mesmo dia, entregas no próprio horário (ou assim prometem…). E com tanta velocidade à nossa volta, é natural que a perceção do tempo também se comprima. O cérebro vai registando mil coisas ao mesmo tempo e, quando damos por isso, a semana já passou — e nós ficamos a pensar: “Mas ontem não era segunda-feira?”.
Por isso é que, mais do que nunca, precisamos de criar pequenas ilhas de pausa. Não estou a falar de férias nas Maldivas (embora não me importasse nada), mas daqueles momentos simples que desaceleram o relógio interno: um café sem pressa, um passeio sem destino, uma tarde sem agenda.
O último trimestre do ano é, paradoxalmente, o melhor momento para isso. É quando tudo pede mais de nós que mais precisamos de escolher onde colocar a energia. Nem tudo precisa de caber antes de dezembro — e, convenhamos, janeiro também é um ótimo mês para recomeços.
Talvez o tempo não esteja realmente a encolher. Talvez sejamos nós que, entre metas, notificações e listas intermináveis, nos esquecemos de o saborear. E talvez escrever (ou ler) este texto seja já um primeiro passo para abrandar.
Então, que tal respirarmos fundo e, só por hoje, deixar que os minutos tenham o tamanho certo? Afinal, o ano ainda tem espaço para muita coisa boa — desde que não deixemos o relógio comandar.
E tu, também sentes que o relógio anda a brincar? Qual é o teu truque para abrandar este “fast forward” do dia a dia? Uma pausa estratégica, uma caminhada, desligar o telemóvel por uns minutos? Partilha nos comentários — quem sabe não trocamos boas ideias para dar mais espaço aos nossos minutos antes que o ano nos pregue a próxima partida.

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